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31 dezembro, 2005

Secretamente


Cada mundo designativo de uma só pessoa existe muitos segredos encobertos, com o receio de serem clareados de forma transparente.
Hoje aconteceu-me isto, um segredo oculto foi destapado por mim sem o prever minimamente, quando soube o conteúdo do signo linguístico fiquei apavorada. Tentei desprezar a descoberta, até porque não era o momento indicado de abri-la nesta caixa misteriosa que lutava afincadamente dentro do recipiente de células.
Consegui impor-lhe resistência por umas horas, sabia que mais cedo ou mais tarde o segredo ia brotar numa explosão de electrões com carga negativa, espalhando moléculas que perderam a sua neutralidade com puro veneno. Pedaços venenosos são atraídos pelo campo gravitacional das células, aceleradas e em queda livre pelo feixe luminoso que as seguem de linha recta.
O impacto está iminente, a vingança vem em força com o acto de punir este esconderijo onde o meu peito começa apertar sem folêgo, a garganta sustenta a dor aguda que nele atravessa, os meus olhos ficam segredados pelas glândulas lacrimais. As lágrimas já formadas mostram a minha fragilidade por detrás do rosto e dou um grande grito de desespero, de indignação, de mágoa onde silenciosamente sou desabafada perante a incredulidade da Surdez.

O meu grito: “QUERO OUVIR”!!!
Um Bom Ano Novo 2006 de pé direito para todos que passaram aqui, são os meus votos.

27 dezembro, 2005

Nós as Duas


Espero que vocês todos tiveram um feliz e bom natal passadas com as vossas famílias e não há nada de mais sagrado senão estando com eles, as suas presenças com ruchidos de felicidades, as conversas interessantes embora secantes, as crianças aos pulos pela ansiedade de abrirem as prendas, e por fim a surpresa desvendada com um brilho especial nos seus olhares.
Nós, as duas convivemos e crescemos juntas diariamente na nossa casa habitada, cheia de alma com vida misturando todos os integrantes de um simples iogurte com amor, amizade e afecto. Somos tão diferentes de uma outra, de pólos opostos e de naturezas distintas que por vezes dámos um choque frontal de personalidades porque não aceitamos facilmente uma escolha de princípios ou por vezes não me obedeces quando é necessário mudar as atitudes do teu comportamento, não só, eu por vezes também cometo erros por muito insignificantes que sejam.
Estando contigo e sentir a bênção que me foi dada no dia em que nasceste e te conheci, com toda a tua loucura, vitalidade e vivacidade.
Ès um autêntico furacão por onde passas, atropelando o meu caminho, interrompendo a minha tranquilidade mental para brincadeiras, e quando precisas de ajuda vens logo ter comigo de cara anjinha, o que na verdade não o és!
Tu sabes muito bem como dar volta à cabeça, mas a mim não consegues nem que seja por um segundo, por uma tentativa porque tudo o que és, já o fui em criança e sei as malhas todas como uma lufada de ar fresco.
Eu adoro-te muito, tu és aquela que fui em criança, o bálsamo a quem eu sou, a real eu e fizeste-me sentir novamente pequenina a teu lado.
Tu és a melhor prenda da minha vida e não há nada que te possa substituir esta controvérsia.

19 dezembro, 2005

Banda Sonora da Diabinha



Assisti ao vivo o primeiro concerto de Banda Sonora da Diabinha, na Sociedade Filarmónica União Seixalense.
Primeiro, quero dizer-te que apesar de eu não puder ouvir a música como gostavas que fosse realmente, eu garanto que a ouvi no meu silêncio, através das vibrações no meu corpo e das diferentes escalas que aumentava de intensidade dos instrumentos musicais.
Tu já estavas lá dentro enquanto eu e a mãe tínhamos chegado do clube vídeo, logo à porta de entrada apercebemo-nos que estava uma pinha de gente, seguimos para dentro em busca de dois lugares.
À medida que avançávamos, as pessoas via-nos com olhares curiosos e desconhecidos e nós apressadas porque o espectáculo estava em contagem decrescente para começar, foi ai que ao longe uma pessoa avistou-nos de mão acenada, interrogámos “quem é?”
Não deu para ver, já que estava tudo escuro, limitamos acelerar os passos o mais rápido possível, era a mãe da Debóra mas havia um problema: só existia um lugar!
Não tínhamos muito tempo, arriscámos à toa de nos sentar nas cadeiras que tinham o bilhete indicado para os reservados, na segunda fila de frente onde te víamos.
Os panos vermelhos baloiçavam na abertura, toda a Banda estava fardada a rigor, de camisa azul e gravata vermelha em ambos os sexos, calças para rapazes e saias para raparigas.
Todos os músicos profissionais de várias idades tinham os respectivos instrumentos, formando assim um corpo conceituado da própria Banda, nunca tirando a autenticidade dela. Os holofotes diminuíam à medida que a música tocava de ritmo pautado pela regularidade dos outros componentes, como os Saxofones, Flautas, Clarinetes, Fliscornes, Trompetes, Trompas, Trombones, Bombardinos, Tubas e Percussão que magicamente fui massajada pela onda fluente, levemente invisível para dentro das próteses auditivas.
Vi-te ali, no diafragma da visão, no fragmento óptico que resplandecia no escuro, estavas no fundo do canto, sentada no meio das tuas amigas que não dês-te em conta que estavam a falar contigo. Tinhas os olhos atentos pela melodia que escutavas atenciosamente, e que te estremecia toda esta amplitude das cordas vocais na tua paixão pela música, posso não saber que tipo de paixão é , mas sei como é isso e não é algo que se descura e se vê, basta sentir no âmago da alma até porque foi a mesma coisa comigo em relação ao Taekwondo.
Escondeste o teu nervosismo miudinho, mas eu encontrei-o na tua expressão facial e pude ler os teus pensamentos como o vento, a tua vontade e o teu querer de estares ali em palco com os profissionais e de tocar como nunca tocaste na tua vida, e eu estarei sempre a teu lado.
As crianças deram um pulo das cadeiras para actuarem, todos alinhados por ordem de altura, os mais baixos ficaram perto dos microfones, de costas direitas e cabeças erguidas esperando que a música da Banda recomeçe.
A locutora faz movimentos nas mãos, como se desenhasse letras de melodia no ar invísivel que como magia em que os lábios dos pequenos mexem com donçura e cantam suavemente acompanhado a música, o ritmo aumentava de escala e pude ler toda a leitura labial como nunca tinha oportunidade, senti-me perdida de emoções e adorei, maravilhei o prazer que me foi proporcionado!
Desejo-vos um Feliz Natal repleto de Amor, Alegria, Felicidade e Saúde...

10 dezembro, 2005

Entre a Vida e Morte - 1º Parte


Nunca falei deste assunto a ninguém, talvez não sentisse a grande necessidade de tocar esta memória desabrochada e lancinante aos nove anos, meses antes de a minha irmã nascer.
Quase todos os adultos, pensam que as crianças não tem a percepção da realidade quando se fala sobre a vida e a morte, o que é normal por natureza.
Eu senti a morte de perto, por mais irónico seja não era eu que estava num fio de navalha, mas o meu avó que lutava desesperadamente pela vida.
Recordo-me nitidamente, era uma manhã graciosa embalada com o andamento musical das próteses auditivas que captavam para dentro dos meus canais sonoros, enquanto caminhava em passos pequenos, olhei para a claridade da luz que batia em todas as cores no céu, como um simples arco-íris.
Via as pessoas acenarem para mim, cumprimentado os meus pais e minutos mais tarde entramos para dentro do carro, onde me iam levar à escola.
Sentada no banco de trás, de cara colada no vidro, os meus olhos brilhavam com a instância de distinguir todas as simetrias resultantes das linhas que via nos carros em andamento moderado, nos edifícios degradados e novos.
Mais adiante, deparava com um muro estreito e comprido que passava ao lado do reflexo vidrado e húmido do meu ar que manchava, a Quinta do Álamo com espaços verdes, este mesmo local aparenta ter duas facetas secretas e ao mesmo tempo era assustador de noite, ninguém se atrevia entrar ai dentro até mesmo os mais crescidos, sob o risco de perderem no caminho.
Delirante, com a felicidade a fervilhar o meu coração, dirigi-me para a escola de sorriso maroto e pegar nos livros como se fossem meus melhores amigos.
As horas passavam, não apercebia dos ponteiros sincronizados e continuava a divertir imenso na aula plástica, desenhando e pintando cores coloridas nas folhas.
A porta da sala abre lentamente, interrogo-me -“quem será?” e fico surpreendida com o que vejo, digo sorridente -“o que os meus pais estão a fazer aqui?”.
Olham para mim e noto que os seus olhos inspiram tristezas, ao fim de dialogar, a professora vem ter comigo e pede que arrume a mochila e vá ter com eles, despede-me com um beijo na testa.
Fiquei empolgada pela presença, desconfiada e receosa pelo aparecimento repentino dos meus pais, com calma perguntei:

M - Vieram buscar-me mais cedo?
Mãe - Filha, eu e o pai queremos dizer-te uma coisa.
Mãe - O avô está no hospital.
M - Qual avô? Ele está bem? (chocada)
Mãe - O avô José, ainda não sabemos amor. (aflita)

Visivelmente abatida, fiz muita força para não chorar compulsivamente e foi inevitável que deixei escapar as lágrimas a escorrerem no meu rosto de criança como um rio continuando, limpei a minha face e me mantive passível no silêncio, aquele silêncio que mais detesto, o silêncio de sofrimento.
As emoções começavam a formar os espaços vazios, a reconstruir uma porção das sensações que estava a sentir naquele pedaço desconhecido chamado dor.

07 dezembro, 2005

Fragmento Apaixonado


Revejo-me na textura aveludada das partículas humanas, na magnitude das cores vivas, na paz transportada em cada palavra invísivel de um amor apaixonado.
Na intimidade próximo do silêncio onde habitam sons e pensamentos, as palavras que os meus olhos vêem com a cumplicidade de uma formação intima. Um momento irrepetivel onde será visitado o meu amor na sua forma esplonderosamente próxima do vazio, momentos simples á flor da pele ou simplesmente perto do sonho.
Parabéns a nós pelo dia 7 mais importante das nossas vidas

05 dezembro, 2005

Voltar ao Activo!


"A minha mãe disse: quando tu estavas dentro da minha barriga enrolada no quentinho da água com segurança, costumavas dar muitos pontapés e o teu pai ficava tão eufórico com a intensa força que pontapeavas! Olha para ti agora crescida, com mais força de viver e ainda por cima continuas a dar muitas caneladas no Taekwondo, se calhar era algo que te estava destinado."
A partir de hoje, a energia vai ser redobrada até ao máximo partido e ando com alguma ansiedade depois de estar parada durante dois meses, por culpa da minha lesão contraida na coxa direita com ruptura muscular.
Vou voltar ao activo para recuperar a minha condição física que considero uma missão ímpossivel: preparar-me fisicamente e psicologicamente para puder disputar a Primeira Prova de Apuramento do Campeonato Nacional de Combates que decorrerá em meados de Janeiro 2006.
A certeza que sei, vou conseguir e ninguém me poderá parar até esse dia marcante e decisivo para a fase final do Campeonato Nacional!
Em busca da regularidade competitiva, e se merecer ou tiver a típica sorte dos campeões nacionais, estou á espreita por um lugar no pódium... Seja qual for o resultado vou continuar a lutar!