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21 maio, 2006

Finalista Desnorteada V


Jornadeava pelo areal salgado com os meus amigos, os nossos corpos estavam esculpidos em partículas granulosas de natureza marítima. A descontracção pacífica fora quebrada com o à-vontade exemplar da bomba amolecida que nos atingiu sob a pele bronzeada e do olhar cintilante e brincalhão do F.
Elegante e ao mesmo tempo refinado, excepcionalmente bonito de ombros largos e entremostrava um riso ténue, aquele sorriso radiava um fascínio único e absoluto.
Os nossos dedos salpicavam palavras soltas, tapando a boca de lado como uma barreira para que não se tornasse visível ao F e nós um pequeno grupo de destacamento colégio-militar tínhamos uma missão surpresa.
Estávamos ansiosos!
Assim começamos a primeira ordem, lançar o bombardeamento gigantesco de lama ao alvo, foi deveras hilariante! Só via ele a correr, a ser atingido e a tropeçar nos buracos movediços, afadigado pela correria toda mas não desistia, prolongava-se com a persistência de não ser capturado.
Mais tarde por culpa da sua desconcentração iminente, apanhamo-lo finalmente. Um de nós agarrou-lhe pelos pulsos e nos tornozelos, aproximamo-nos junto á água e vimos a face horrorizada do F: renhido e obstinado a implorar-nos! Gracejávamos em voz alta, sonoramente.
Fizemos movimentos de quem se baloiça, a densidade do seu peso custava-nos aguentar por mais tempo até não podermos mais, soltamos-lhe para um lançamento memorável na queda aquática!
Neste preciso momento, as educadoras de infância ordenaram-nos para sentarmos nas toalhas. Desanimados, com as cabeças cabisbaixas brincando os dedos na areia a dar-nos uma lição de ingenuidade.

- Meninos! O que vos passou pela cabeça fazer esta brincadeira ao vosso colega? O F podia ter-se magoado!
- Só estávamos a brincar.
- A brincar?
- Sim, a brincar porque ele atirou-nos areia e nós queríamos uma vingança!
- Ah? Ò F, isto é verdade?
- Sim, é!
- Pronto, vamos lá para a água tirar esta areia toda mas com uma condição: quero que façam uma fila um a um.
- Mas I é para quê?!
- Depois vão ver, agora tocam a levantar e metam-se em fila.

Levantamos e pomo-nos em fila, estava eu no meio assistir esta atrapalhada toda dialogando com o F, a A e a S. Não durou muito tempo para perceber o que as educadoras pretendiam fazer-nos: um lançamento aquático!
(... tem continuidade ...)
Paragem Obrigatória: Intimidades

05 maio, 2006

Finalista Desnorteada IV


O dia estava de longe por finalizar, era de tarde onde o sol chamejava ardências em toda a superfície e dentro do autocarro, continuávamos a gritar incansavelmente.
Assentada na última fila, murmurava aos segredinhos com a Andreia que por vezes soltava uma estrondosa gargalhada da qual não conseguia conter o riso. A alegria transbordante no seu rosto enfeitava uma perfeição desusada, no meio dos seus cabelos indisciplinados que lhe tapavam os olhos.
A meiguice dos lábios mexiam com lentidão, para eu puder ler claramente sem dificuldades, a animação verbal. Pus-me de joelhos apoiados no exterior do banco e fizemos travessuras através da pedra-pomes para os automobilistas que seguiam atrás de nós.
Existia uma fileira de carros até ao cruzamento, nesta circunstância fraccionada descíamos da colina espiral e contemplamos o mar azul recheado de pequenos diamantes aureolados e as ondas arrebentavam serenamente como conchas.
O cheiro da maresia era doce, suave e empolgante. A paisagem imponente fora moldada pela força da natureza há milhões de anos, desenhando um belo quadro capaz de cortar a respiração!
Grandes pássaros sobrevoam o Olimpo, são dezenas pára-quedas em arco-íris que perfumam o belo azul em trinchas pitorescas. Fico abismada sobre o notável entretimento das coisas, tal é a simplicidade do próprio mundo ser despreocupado e ao mesmo tempo tão alegre para atenuar o peso da maldade, da arrogância e violência dos seres humanos.
Excitados pela proximidade de pisar os pés descalços nos grãos de areia, formámos uma fila a dois de mãos dadas e lá fomos procurar um lugar adequado. Desajeitada, com aflição sentia os pés a serem queimados por uma frigideira!
Laçamos as toalhas sobre a areia, com protector solar no corpo. Corremos tanto, mas quanta força existe por detrás da vitalidade? Quando somos crianças, não queremos parar senão estar sempre em movimento constante alimentado a bisbilhotice do desconhecido e cada achado era uma explosão surpreendente!
Ali, misturada entre os colegas no jogo das máscaras sentia-me “normal”, não estava em causa o problema mas a minha sociabilidade da qual adaptei e posso dizer que cresci no sítio privilegiado onde desenvolvi as diversas capacidades fortalecendo as outras defesas que mais tarde foram determinantes.

(… tem continuidade …)
P.SCampeonato Nacional Universitário, dia 07 de Maio pelas 9h30 ás 18h - Pavilhão da Escola Secundária da Miratejo - GO TO!