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17 janeiro, 2007

Timbres

(Photo By Memorex)

No silêncio de uma cachinada, as feições traçadas na sua aragem inocente explodem ingenuidades. Possuidora de uma encorpadura rebelde em crescimento, moldando linhas definidas de que a tornará numa bela rapariga talentosa.
Porventura, do seu dom musical. Observo-a bastante, estudo os seus movimentos agarrando desajeitadamente o Saxofone, pesado e robusto.
Os seus braços não se quebram, habituada a segurá-lo, o instrumento metal com chaves e embocadura de palheta. Vislumbro um objecto escondido na parte alongada do seu braço, formado um ramo de árvore, carrega um livrete de composições musicais de Jazz.

As pupilas dilatam, intensamente. Instruídas á sua fiel cor, castanhos dourados como mel obedecendo ao padrão da sua beleza morena. Continuo a espreitá-la, disfarçada sem fazer nenhum alarido por detrás da porta semi-aberta.
Neste instante os lábios esboçam-se lentamente, sim, ela sabe que estou ali a espiá-la. Não faço nada, deixo-me á mercê do emudecimento, assistindo o momento.
O livrete é aberto onde os seus dedos folheiam páginas á procura de uma melodia, parou e deve ter escolhido uma obra agradável.
Está a preparar-se, coloca os seus dedos nos botões dourados rítmicos, a boca ajustada na palheta preta e os olhos fixados nas notas saltitantes. Sustenta a respiração e os sons renascem vivos, energéticos.
Fui sacudida, pelo toque capitular dos meus aparelhos auditivos e toda a música estava no ar, invisível!

Não é irritante como o som da Flauta, um agudo agressivo e incómodo. Mas agradável, fecho os olhos, ouço-a com profundeza, abro a porta e deixo-a entrar embriagada de sede num vendaval de emoções.
São notas gigantes e pretas suspensas no ar. Cada símbolo musical com um par de asas incomparáveis.
Entrei no mundo imperceptível dos sons e soube instintivamente que podia voar entre as melodias. Elevo-me sem asas e rodopio apaixonada, ouvindo a orquestra sublime.

Saxofone, de Jean-Yves Fourmeau.

10 janeiro, 2007

Palavra

(by Memorex)

Bebo-as todas, pequenas letras desarrumadas que se vão juntando, transformando-a numa Palavra bem alinhada. Não é açucarada, nem amarga, perto ou distante.
È delicioso, cativante e arrebatador na ligeireza de uma borboleta determinada a fabricar o resultado aerodinâmico dentro do meu Ser.

Detonando sentimentos ilusionistas, de encantamento extraordinário derramando um diamante nítido, na imensidão do oceano.

O meu mar.

São pinceladas de um azul profundo e electromagnético. Tudo me atrai, seduzindo-me apenas, sem intenção as suas pequenas belezas e simplicidades que elevam em pensamento o meu sentir.

Letras enamoradas no entretenimento espontâneo, do olhar atento e viajante á descoberta de novos mundos linguísticos. Chapear no prazer incontrolável da literatura, amando:

- PALAVRAS.