Para recordar, 29 Janeiro de 2006.
Encontro-me sozinha em casa e não está aqui ninguém, só eu e o espírito das coisas que parecem estar paradas no tempo, mas movem-se furtivamente sem aperceber das suas diversas tonalidades com vida própria.
Encostada no sofá, de telecomando na mão primado cada botão de um canal sincronizado e noto que não há nada de interessante para ver, que faço? Remendo-me ao silêncio de uma revista, leio frases saltitando de parágrafo em parágrafo avidamente de um desejo ardente prestes a ser devorado pelos meus olhares curiosos e dilatados.
O telemóvel permanece a meu lado sobre um azul-marinho no descanso da sua funcionalidade, quieto sem nenhum sinal de vida, apenas prontificado e esperado que alguém o pegue afectuosamente. Talvez por sentir raiva e rabugice decidiu despertar-se com uma vibração absolutamente tremida, mas forte para me chamar atenção e pegar nele como desejava carinhosamente. Desbloqueio, vejo a mensagem sobre um televisor minúsculo mas cheio de cores onde existe um simples contraste de azul, laranja, vermelho, lilás.
A mensagem é reaberta, o destinário revela-se e é a minha mãe:
“Vai à janela está a nevar!”
Pensei:
“A nevar? Será verdade, aqui no Seixal a nevar?”
Levanto-me em sobressalto, abro o cortinado e contemplo a paisagem espantada com quedas de pequenos flocos de neve, dou meia volta e corro imediatamente para o meu quarto onde agarro e visto o meu blusão, ao lado está um candeeiro que por acima fica o gorro branco. Meto na cabeça, corro para a sala e abro a porta da varanda onde sou surpreendida pela vaga gelada do frio.
Já estou aqui fora a maravilhar esta oportunidade, crianças do bairro entusiasmadas e de braços abertos para o céu, pela primeira vez na vida vi o nevar levezinho no Seixal, pensei:
“Que raio se passa com o tempo? Isto não é lá muito frequente acontecer, é de certeza um fenómeno de anormalidade temporal!”
Subitamente fui atacada pelas lembranças de infância na Serra da Estrela…
Encontro-me sozinha em casa e não está aqui ninguém, só eu e o espírito das coisas que parecem estar paradas no tempo, mas movem-se furtivamente sem aperceber das suas diversas tonalidades com vida própria.
Encostada no sofá, de telecomando na mão primado cada botão de um canal sincronizado e noto que não há nada de interessante para ver, que faço? Remendo-me ao silêncio de uma revista, leio frases saltitando de parágrafo em parágrafo avidamente de um desejo ardente prestes a ser devorado pelos meus olhares curiosos e dilatados.
O telemóvel permanece a meu lado sobre um azul-marinho no descanso da sua funcionalidade, quieto sem nenhum sinal de vida, apenas prontificado e esperado que alguém o pegue afectuosamente. Talvez por sentir raiva e rabugice decidiu despertar-se com uma vibração absolutamente tremida, mas forte para me chamar atenção e pegar nele como desejava carinhosamente. Desbloqueio, vejo a mensagem sobre um televisor minúsculo mas cheio de cores onde existe um simples contraste de azul, laranja, vermelho, lilás.
A mensagem é reaberta, o destinário revela-se e é a minha mãe:
“Vai à janela está a nevar!”
Pensei:
“A nevar? Será verdade, aqui no Seixal a nevar?”
Levanto-me em sobressalto, abro o cortinado e contemplo a paisagem espantada com quedas de pequenos flocos de neve, dou meia volta e corro imediatamente para o meu quarto onde agarro e visto o meu blusão, ao lado está um candeeiro que por acima fica o gorro branco. Meto na cabeça, corro para a sala e abro a porta da varanda onde sou surpreendida pela vaga gelada do frio.
Já estou aqui fora a maravilhar esta oportunidade, crianças do bairro entusiasmadas e de braços abertos para o céu, pela primeira vez na vida vi o nevar levezinho no Seixal, pensei:
“Que raio se passa com o tempo? Isto não é lá muito frequente acontecer, é de certeza um fenómeno de anormalidade temporal!”
Subitamente fui atacada pelas lembranças de infância na Serra da Estrela…