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13 outubro, 2005

Conheci um amigo como eu


Aos cinco anos continuava a viver a um ritmo aliciante, estava tudo replecto de novidades que chegavam acima da hora.
Divertia-me imenso ao fazer tantas maldades aos amigos, não é que achasse divertido mas adorava vê-los chateados e era um prazer assistir a uma mudança de comportamento.
De repente, a educadora de infância chama-me com um gesto para ir em sua direcção, assim fui sem hesitar, mas julgava que eu tinha feito alguma coisa de mal e que talvez me pussesse de castigo. Não foi pela minha frágil debilidade que reparo um menino mais novo, com cabelos comprindos encaracolados, loiros e dourados como o sol e os seus grandiosos olhos azuis-esverdeados de três anos.
Levantou ligeiramente a sua face, onde os seus olhos procuravam uma mimica, um gesto que o alertasse, e numa fracção de segundos o seu cabelo desloca-se facilmente e ai reparo a protese auditiva, pensei eu, finalmente posso contar com um amigo como eu, a partir daí nunca mais separamos.
Nós os dois, formavamos uma bela equipa contra a maioria dos colegas ouvintes que não nos compreendiam, era uma sensação maravilhosa porque tinhamos o nosso mundo e o nosso espaço dentro do colégio, que por qualquer um não nos passava por indiferente, pois tinhamos gestos e códigos secretos que se formou numa grande cumplicidade, apesar de ele não ser surdo oralizado, e eu não tinha conhecimento da Lingua Gestual, criamos a nossa própria linguagem de maneira imaginativa onde a criatividade ocupava um plano de destaque: "uma comunicação inventada"!

E esse amigo é o Pedro quem tem também uma vida mais normal possivel, sucesso e boas perspectivas não lhe faltam, pois reconhecem a sua capacidade de liderança e notoriedade na baliza que defende com garras e unhas no Seixal Futebol Clube!

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